Inédito, planejamento de dez anos para o esporte paranaense é debatido na Assembleia

O futuro esportivo paranaense começou a ser traçado na Assembleia Legislativa do Paraná. Do esporte lúdico ao alto rendimento, do lazer ao financiamento esportivo, do esporte escolar ao paradesporto e todas as demais facetas do setor serão incluídas em um programa de vanguarda. Uma política a longo prazo e inédita no país definida no “Plano Decenal do Esporte do Paraná 2026- 2036: O Esporte Que Queremos Para Os Próximos 10 Anos”.

A iniciativa do Poder Executivo foi tema de uma audiência a pública promovida pela Comissão de Esportes da Assembleia, presidida pelo deputado Tiago Bührer (União). O debate, no Plenário Waldemar Daros, representou o pontapé inicial nas discussões que percorrerão o Paraná para ouvir atletas, ex-atletas, técnicos, gestores e dirigentes esportivos, empresários, patrocinadores e a comunidade.

“Trouxemos a Secretaria do Esporte, vários secretários municipais e pessoas ligadas ao esporte para discutir o cenário esportivo daqui a 10 anos, de 2026 a 2036. Então, esse programa tem início aqui na Assembleia Legislativa e vamos correr o Paraná, com várias audiências, ouvindo toda a comunidade esportiva para ver de que forma podemos planejar esse esporte para o futuro, para as futuras gerações. Muito bacana poder começar aqui, na casa do povo paranaense”, afirmou o parlamentar.

Integrante da Comissão do Esporte e praticante de fisiculturismo há mais de 40 anos, o deputado Gilberto Ribeiro (PL) também participou do encontro. Ele falou da importância de um projeto de lei assegurando a presença de profissionais de Educação Física, e não estudante, nas academias paranaenses. E, ainda, sobre a necessidade de apoio aos atletas para não “ficarem mendigando auxílio para passagens, estadia e alimentação quando forem representar a bandeira paranaense”.

Eixos

O coordenador técnico do programa O Paraná Que Queremos, Dilson José de Quadros Martins, detalhou o planejamento para elaboração do Plano Decenal. “Objetivo é construir um legado em todas as frentes esportivas. Hoje é uma ideia em forma de rascunho, um ponto de partida para construirmos em conjunto”.

São sete os eixos do programa que serão aprofundados até 2026: formação esportiva, excelência esportiva, esporte para toda a vida (e reinserção), esportes e intersetorialidade, conselhos e fundos municipais de esporte, financiamento público e plano estadual do esporte.

Além dos eixos temáticos, o programa define outros pontos que merecem abordagem em todos os debates. São eles: esportes olímpicos, esportes não olímpicos, paradesporto e esportes paralímpicos; atletas e não atletas, alunos-atletas, praticantes e não praticantes; diagnósticos e base de dados; infraestrutura esportiva; esportes eletrônicos; inovação, tecnologia aplicada aos esportes; valorização profissional; ciência do/no esporte; esporte como direito de todos; equidade, diversidade e inclusão/exclusão (discriminação); violência, fair-play e dopagem no esporte.

A partir da audiência desta quarta, serão realizadas conferências municipais, 12 conferência macrorregionais, a Conferência Estadual e o retorno à Assembleia para a construção de uma lei com foco em um legado de 10 anos.

Legado

Para o secretário estadual do Esporte, Helio Wirbiski, o Paraná é hoje estado mais adiantado no Brasil a seguir a Lei Geral do Esporte. “Esse plano significa uma política pública do esporte perene para o Paraná. Significa respeito ao dinheiro público, porque com gestão de excelência nós conseguimos economizar muito. E essa economia, vai para todos os jovens, dos jogos escolares ao alto rendimento, para os idosos e também para o lazer. Hoje o nosso orçamento é perto de R$ 100 milhões, nós anunciamos também o Pró-esporte, que é a nossa lei de incentivo, com mais R$ 50 milhões para os próximos dois anos, e também o nosso programa de bolsas, que vai investir nos próximos dois anos mais R$ 12 milhões”, citou.

O secretário municipal do Esporte, Lazer e Juventude de Curitiba, Carlos Eduardo Pijak Jr, definiu o encontro como um dia histórico e que a missão é discutir o esporte como uma política de Estado. “Começamos a entender que precisamos pensar numa década de ações esportivas para que a gente possa avançar, com programas de gestão, programas de governo que sejam perenes, consistentes e possam realmente consolidar o esporte como um instrumento de transformação social e um direito social a como ele é previsto na Constituição. Então, é um momento importante trazer à discussão os vários players, várias pessoas e agentes que são envolvidos no esporte em uma conversa democrática para construir o melhor plano para o Paraná”, disse.

O vereador de Curitiba Marcelo Fachinello defende que não é possível fazer política pública de legado só pensando em política eleitoral. “Não dá para a cada quatro anos acabar com tudo que estava sabendo feito e começar do zero só porque um adversário ganhou uma eleição. E é isso que está sendo feito com essa discussão: um planejamento a longo prazo”.

Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Coordenador do Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva, Fernando Marinho Mezzadri exaltou o ineditismo da proposta paranaense. “Não existe nenhum plano decenal no país aprovado ainda, o governo federal tem essa discussão. mas ainda está no Senado. Por isso, estamos saindo à frente dos demais estados. O Paraná já aprovou a sua Política de Esporte, o Fundo Estadual de Esporte, o Conselho Estadual de Esporte e agora o Plano Decenal, que muda significativamente a conjuntura e a perspectiva do esporte paranaense e será um grande exemplo para o país”, afirmou.

O vice-presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Yohansson Nascimento, prevê que o estado colherá bons frutos da iniciativa “É importante ver a seriedade com que o Paraná está tratando o esporte para atletas com ou sem deficiência. Até 2026 vocês saberão a potência que o Paraná tem de desenvolver atletas e criar ídolos”, disse.

O presidente do Conselho Regional de Educação Física, Gustavo Brandão, considera a construção do Plano Decenal um desafio, mas diz acreditar que será uma referência para o Brasil e para outros países. “Orgulho grande ver a transformação que está sendo feita no esporte do Paraná. Teremos uma discussão de dois anos para construir uma realidade não só para o resultado. E nosso compromisso é auxiliar na capacitação de todos os entes do esporte”, afirmou.

“Tratamos de um assunto da maior relevância para o governo e também para esta casa. Nosso papel é dar suporte às ações do governo, que tem o governador que criou uma estrutura de vanguarda no esporte brasileiro. Depois de todas as reuniões devemos trazer para a Assembleia o melhor programa de esporte do Brasil”, espera o presidente da Paraná Esporte o Walmir Matos.

Diretor Geral da Secretaria de Estado do Esporte, Ilson Augusto Rhoden lembrou a contribuição do deputado Douglas Fabrício (SD), que já esteve à frente da pasta, e também falou da parceria com a Assembleia na aprovação de leis que viabilizam ações e recurso para o esporte.

O professor do Departamento de Educação Física da Universidade estadual de Maringá (UEM), Fernando Augusto Starepravo abordou esporte em sentido amplo, não apenas como rendimento, avançando em outras possibilidades e interfaces como saúde, políticas afirmativas, inclusão, educação e defendeu a participação de mais setores para reforçar o planejamento.

A presidente da Associação das Federações do Desporto Amador (AFEDAP), Luciane Lacerda Piovezan informou que encaminhará a formulários às federações e realizará reuniões para a coleta que sugestões. Representando a Federação do Desporto Escolar, Jackson Douglas Almeida falou da importância de oportunizar aos estudantes a participação em competições.