Laboratórios de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ampliarão a capacidade para realização de testes de Covid-19 no Estado. Isso é possível devido à parceria do Setor de Ciências Biológicas (SCB) com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen). A iniciativa soma-se à do Laboratório de Virologia do Complexo Hospital de Clínicas (CHC), que realiza testagens moleculares do vírus em pacientes pré-cirúrgicos de grande porte e em funcionários do CHC.
O Laboratório de Imunogenética Humana (Ligh) do Departamento de Genética foi cadastrado para realizar exames de Covid-19. Também participam, com pessoal e equipamentos, laboratórios dos Departamentos de Bioquímica e Biologia Molecular, de Genética, de Biologia Celular e de Patologia Básica, todos do SCB.
Desde o dia 29 de junho, esses laboratórios realizam testes moleculares, que detectam o material genético do vírus SARS-CoV-2 em amostras encaminhadas pelo CHC. O IBMP, que fabrica os kits para a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), doou 2500 reações. Isso permitiu que os laboratórios do SCB iniciassem suas atividades para suprir a alta de demanda de exames do CHC. Hoje são realizados de 15 a 20 testes ao dia.
No futuro, as equipes também farão testes sorológicos, para identificar anticorpos no sangue dos pacientes. O trabalho é realizado por professores da UFPR, técnico-administrativos e estudantes de pós-graduação de forma voluntária. Outros seis bolsistas, selecionados em edital, iniciam o trabalho nos próximos dias.
As atividades dos laboratórios envolvidos obedecem a todos os protocolos de segurança. Para tanto, foi desenvolvido um meio de transporte e preservação de material genético viral para testagem. Trata-se de uma solução tampão, que preserva o RNA viral, mas inativa o vírus. Esse meio tem composição simples e está sendo testado para avaliar sua efetividade em várias condições, conferindo assim, maior segurança aos pesquisadores.
O público-alvo nessa primeira fase é aquele que pode ter Covid-19, mas não está internado, como por exemplo: trabalhadores da saúde com sintomas, pessoas que tiveram contato com pacientes positivos, pacientes para cirurgia eletiva, entre outros. Porém, os laboratórios já realizaram a análise de amostras em felinos e tratadores do Zoológico Municipal de Curitiba. “Esse tipo de análise é bastante importante do ponto de vista epidemiológico, pois estuda possível transmissão humano-animal e vice-versa. O sistema de exames atual não poderia fazer essas análises”, explica Emanuel Maltempi de Souza, vice-diretor do SCB e que participa da equipe para realizou os exames.
Recursos
Os recursos necessários para a concessão de bolsas, aquisição de insumos e manutenção de equipamentos vieram do Ministério da Educação (MEC), no valor de R$ 1,5 milhão.
O financiamento deverá ser maior, pois a UFPR, através dos laboratórios do CHC e do SCB, também foi convidada a fazer parte do “Projeto institucional em rede: laboratórios de campanha para testes de diagnóstico da Covid-19”. Trata-se de um esforço para aumentar a capacidade de análise do país, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).O Ministério da Saúde apoiará a rede de laboratórios de campanha através da Fiocruz (Biomanguinhos), que doará os kits de RT-PCR para execução dos exames.
No total, a Finep investirá até R$32,5 milhões para realização de 350 mil testes no Brasil em até um ano, com a participação de laboratórios da UFPR e de outras 12 Instituições Públicas de Ensino. Os laboratórios da UFPR propuseram realizar 30 mil testes por ano.
Hoje, a capacidade dos laboratórios é de até 300 testes ao dia. Porém, poderá aumentar, com a aquisição de um extrator automático de ácido nucleico, que virá com o aporte de recursos via MCTI/Finep. A proposta foi aprovada e está em contratação pela financiadora.
O diretor do SCB, professor Edvaldo da Silva Trindade, explica que o trabalho reflete o esforço de vários setores da UFPR. Um exemplo é o empréstimo do Setor de Tecnologia de um termociclador com aquisição de dados em tempo real, equipamento que permite aumentar a capacidade de realizar testes. Essa ampliação pode servir também para testar, no futuro, servidores e discentes. Para isso, deverá ocorrer uma parceria com o Setor de Ciências da Saúde para a coleta de amostras.
De acordo com Trindade, o trabalho conjunto da UFPR e de suas parceiras visa ampliar a capacidade de análise no Paraná, subsidiando o poder público na tomada de decisão frente à pandemia do Covid-19. “É a Universidade Federal do Paraná reunindo suas competências para atender a comunidade”, enfatiza.
Por João Cubas
Saiba tudo sobre as ações da UFPR relacionadas ao novo coronavírus
Superintendência de Comunicação Social
13 de julho de 2020 – 16h16