Saúde pública de Foz atendeu mais de 12 mil estrangeiros

Foz do Iguaçu precisa de contrapartida federal, reiterou o prefeito Chico Brasileiro (PSD), a respeito dos casos de brasileiros, paraguaios e argentinos – que moram no outro lado da tríplice fronteira – e que são atendidos pelo sistema público municipal de saúde.

“Foz tem gestão plena de saúde, ou seja, o SUS é de responsabilidade do Município que recebe a contrapartida federal pelo seu número de habitantes, mas temos o impacto de turistas, brasileiros, paraguaios e argentinos que cruzam a fronteira para serem atendidos na cidade”, destacou.

Há casos relatados de atendimentos de urgência e emergência em toda a rede SUS – unidades básicas de saúde, de pronto atendimento e no Hospital Municipal Costa Cavalcanti – e até de fornecimento de remédios da farmácia básica do município. “Não temos como e nem vamos proibir a assistência aos estrangeiros. O atendimento do SUS é universal e permite o atendimento e há também a legislação de fronteira”, disse.

No primeiro trimestre deste ano, mais de 12 mil estrangeiros procuraram o serviço, aumento de 12% em relação ao ano passado.

“Há casos de registro da carteira do SUS em endereços de parentes ou amigos moradores de Foz. E, a partir deste ano, o governo argentino restringiu o acesso dos estrangeiros ao sistema de saúde pública do país. Só atende residentes, o que impactou ainda mais o SUS nas cidades brasileiras de fronteira”, disse Chico Brasileiro, vice-presidente da FNP (Frente Nacional de Prefeitos).

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“Estou cobrando do Ministério da Saúde. Fui ao Ministério exatamente apresentar os dados do que estamos passando. O que precisa é um planejamento financeiro a mais para cidades de fronteiras”, ressaltou Chico Brasileiro em resposta ao ouvinte Venturini, da Rádio Cultura, que é comum vans com placas paraguaias transportando pacientes às unidades de saúde do Município.

O impacto em Foz do Iguaçu é maior, segundo o prefeito, porque é a maior fronteira da América do Sul com mais de um milhão de pessoas somadas às cinco cidades da tríplice fronteira e mais oito pertencentes à 9ª regional de saúde.

“Foz do Iguaçu tem o maior  impacto, mas é o caso de Guaíra (PR), Ponta Porã (MS). São diversas cidades de fronteiras do Brasil que estão passando por isso”.

“E a gente precisa exatamente de mais recursos do Ministério da Saúde para que possamos ter um planejamento de compras muito além da nossa população residente”, afirmou. A preocupação do prefeito reflete o recente levantamento que aponta o atendimento pelo SUS de mais de 12 mil pacientes estrangeiros no primeiro trimestre deste ano”.

O número é 12% maior que no mesmo período do ano passado e 74% maior que no primeiro trimestre de 2022. Em todo o ano de 2023, foram 45,5 mil atendimentos, um aumento de 34% em relação a 2022 e 94% na comparação com 2021, diz a reportagem da RPC, ressaltando que 83% dos estrangeiros sem endereço em Foz do Iguaçu, que buscam atendimento, são paraguaios. Depois vem os argentinos e venezuelanos.

Despesa extra

“Não podemos proibir os estrangeiros no sistema público de saúde porque a lei não permite também, é necessário que quem vive em fronteira exatamente possa ter a certeza que essa proibição de atendimento ela é ilegal. Então a lei brasileira dá essa permissão de atendimento, porém os municípios é que ficam com a sobrecarga”, disse Chico Brasileiro.

O prefeito reforçou que “tudo nas costas do município”.

“E é por isso que Brasília tem que ouvir a voz dos municípios de fronteiras. Não é possível que se gaste tanto dinheiro nesse país, não é possível que se destine tantos recursos”, sem melhorar as condições dos municípios de fronteira, afirmou.

Saúde pública de Foz atendeu mais de 12 mil estrangeiros no primeiro trimestre de 2024
Foto: Gentileza PMFI

“Não é falta de recurso. A gente está vendo emendas sendo liberadas para todos os cantos do país e que não tem uma dotação orçamentária para os municípios de fronteiras que atende uma demanda muito além da população residente”, concluiu o prefeito.

Cartão SUS

A secretária de Saúde, Rose Mari da Rosa, também reforçou que todos precisam ser aceitos no sistema público de saúde, que é universal. “Tem que ser atendido qualquer cidadão. Ele é atendido, estabiliza o paciente e depois retorna para sua origem”, frisou. Ela confirma que o município tem recebido apenas recursos da população descrita através do censo IBGE. “Essa população flutuante também impacta, principalmente na nossa rede de urgência e emergência”, informou.

Os dados apontam que Foz do Iguaçu tem hoje 456 mil cartões SUS cadastrados na base de dados do Ministério da Saúde. O volume é 62% maior que a população da cidade, segundo o último censo do IBGE – 33 mil cartões cadastrados em Foz são de estrangeiros. Os dados mostram ainda que em relação aos moradores do município, os estrangeiros representam 5% dos atendimentos do SUS.

Neste dado, não são contabilizados os estrangeiros atendidos em Foz do Iguaçu, que apresentam endereços de parentes que moram no município.

O mesmo acontece com estudantes de diversos estados do Brasil, que cursam o ensino superior em Ciudad del Este, no Paraguai. Em ambos os casos, destaca a prefeitura, o município acaba não recebendo mais recursos pelos atendimentos a estes pacientes.

Com informações do GDia

com informações do Diário de Foz, parceiro do Busão Foz