A união ideal, saudável e necessária de educação e tecnologia foi um dos destaques do primeiro dia do Latinoware, um dos maiores eventos de software livre do mundo, organizado pela ITAIPU Binacional e Itaipu Parquetec.
Chegando à 21ª edição com a missão de oportunizar debates e troca de informações sobre a evolução das tecnologias abertas e suas aplicações, o Latinoware reúne estudantes, empreendedores, pesquisadores, empresas, organizações parceiras, expositores e comunidade em geral que se interesse pelo tema e é a oportunidade de democratizar iniciativas como a criação de ambientes virtuais que podem transformar a forma como aprendemos e ensinamos.
O professor e doutorando na área de tecnologia, Jefer Benedett Dorr, apresentou aos professores e estudantes ferramentas para explorar a “Educação OnLife”. “O contexto de educação OnLife não se restringe aos limites da escola, ela vai além, utilizando realidade aumentada, realidade virtual e metaversos, onde conseguimos agregar outros recursos para dar continuidade ao aprendizado de sala de aula. Um ambiente extra-sala onde você consegue visitar pontos históricos, momentos históricos. Eu criei um ambiente no Spatial, e dentro desse ambiente é possível interagir com outras pessoas e desenvolver tarefas e atividades e cumprir objetivos. Dentro desse ambiente existem espaços temáticos, como de IA, robótica, com atividades externas que podem ser acessadas para esses alunos cumprirem os objetivos de acordo com o que eles querem aprender”, explica.
Nas salas de aula, a grande barreira para o acesso a esses ambientes é a falta de estrutura e equipamentos, tanto nas escolas quanto dos próprios estudantes. O professor explica que a busca pela democratização das plataformas e oportunidades é constante. “Sabemos que a infraestrutura das escolas nem sempre é boa, mas algumas têm e conseguem acessar. Quando não há, ela pode ter acesso direto pelo navegador, evitando questões como problemas com download, por exemplo”, garante.
Ele reforça a relevância de oportunidades que o evento oferece para todos os setores, em especial a educação. “Eventos como o Latinoware são essenciais para propagação dessas ideias e plataformas. Muitos professores participam das palestras, conhecem as ferramentas e levam para suas cidades, aplicando no dia a dia com os alunos”, completa.
Foco em inovação
O diretor superintendente do Itaipu Parquetec, Professor Irineu Colombo, reforça que o Latinoware é terreno fértil para ideias, experimentos, aprimoramento e por fim inovação e desenvolvimento de soluções que transformem realidades. “É um ambiente onde nós desenvolvemos o conhecimento e o transformamos com fins de inovação. Algo que se desenvolve agora pode não ser aplicado imediatamente na prática, mas ele vai sendo aprimorado e testado, para depois ser utilizado em escala. É esse desenvolvimento das teorias, arquétipos e arquiteturas de IA, que depois nos permite inúmeras aplicações, seja para você perseguir o caminho de uma formiga ou controlar o trânsito de uma cidade. Os países que se posicionaram, no mundo, na fronteira tecnológica, Estados Unidos, Suíça, Alemanha e China, sempre investiram nas crianças, porque a curiosidade aguçada por informação e ciência levam a evoluções significativas. Então nós apostamos nas crianças e nos jovens, e eventos como estes são muito importantes para isso”, ressalta.
Robótica x massinha e brinquedos
Em um mundo que oferece infinitas possibilidades, captar e manter a atenção de crianças e adolescentes em sala de aula pode ser desafiador. A utilização da tecnologia além de ser inevitável, pode contribuir para o ensino de diversos eixos, tanto de conhecimento técnico, quanto emocionais. Com foco em abordagens inovadoras na educação, utilizando opções lúdicas e de baixo custo, a professora Christiane Martins Oliveira, alia a massinha de modelar à eletricidade e circuitos de uma maneira segura, divertida, interativa e lúdica.
No evento, ela ministrou um minicurso direcionado a professores e educadores, em que ensinou técnicas e possibilidades de utilização da massinha e materiais que podem ser encontrados em sucatas, para garantir uma aprendizagem dinâmica e divertida. “Eu brinco que essa metodologia é ideal para pessoas desde o infantil até 80 anos, porque a massinha é atrativa e por meio dela você vai aprender diversas competências e habilidades. Trabalhamos uma série de conteúdos, para que eles desenvolvam habilidades importantes para a vida pessoal e profissional, porque esse aprendizado acaba permeando por todas as áreas, inclusive socioemocional, por meio da desconstrução e reconstrução dos protótipos, e a necessidade de lidar com a frustração. Nós sabemos que a tecnologia está cada vez mais no nosso cotidiano, só que infelizmente não de forma adequada, então precisamos preparar os estudantes para que possam usufruir dela da melhor forma possível. A robótica não é um fim, mas um meio”, garante.
Para o analista de sistemas e professor Robinson Pereira, que conheceu a robótica por meio do filho, ela se tornou mais do que um meio, mas uma missão. “Eu sempre atuei no mercado corporativo e meu primeiro contato com a robótica foi com meu filho que passou a ter essa disciplina na escola. Passei a me interessar, estudar e hoje sou professor de robótica”, conta.
Os desafios do ensino, principalmente em escolas públicas, são velhos conhecidos: falta de estrutura e verba para aquisição de materiais. Após observar algumas dificuldades com projetos realizados com sucata, ele traz uma nova possibilidade de baixo custo e inúmeros benefícios: o uso de brinquedos. “A compra de kits de robótica tem alto custo, sendo praticamente inviável. E a dificuldade com materiais de sucata é muitas vezes a falta de padrão, que impossibilita a realização de determinados projetos. Com isso, comecei a observar que brinquedos estáticos, facilmente encontrados e de baixo custo, podem ser adaptados para servir como componentes em kits de robótica”, afirma.
No evento, Robinson compartilhou exemplos práticos e demonstrações, para que os participantes possam transformar esses brinquedos em ferramentas eficazes para o ensino de robótica, promovendo a criatividade.
Inscrições seguem abertas
O Latinoware segue até o dia 29 de novembro, com programação intensa das 8h às 18h. As inscrições são gratuitas e seguem abertas no site do evento: latinoware.org.
Nos três dias de evento, 30 mil pessoas devem passar pelo Itaipu Parquetec para conferir o Latinoware e os demais eventos que integram o Festival Iguassu Inova, evento amplo que será realizado até o dia 30 de novembro.
com informações do Diário de Foz, parceiro do Busão Foz
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