O Paraguai enfrenta uma dura realidade em relação aos cursos de ensino superior. No país, apenas 1 em cada 10 estudantes universitários consegue concluir os estudos, enquanto os 9 restantes abandonam o percurso acadêmico por razões económicas e laborais. Os dados constam dos resultados finais da Pesquisa Nacional dos Estudantes do Ensino Superior (Enees) 2004, promovida pelo Ministério da Educação e Ciências (MEC).
Em Ciudad del Este, aproximadamente 90% dos acadêmicos de Medicina são brasileiros atraídos pelas mensalidades mais em conta que no Brasil. Esta é a situação de Kayk Mendez Sousa, que veio de São Luís, no estado do Maranhão, com 17 anos para buscar a formação profissional no país vizinho. Atualmente está com 19 anos e no terceiro ano do curso, na UCP (Universidade Central do Paraguai).
“Cerca de 99,9%. Só tem brasileiros lá”, conta Kayk Mendez, ao comentar sobre a presença de conterrâneos em sua faculdade. Segundo o estudante, “o percentual de quem desiste é alto, muito alto, por conta que, quem pensa que é tipo mamão com açúcar, mas não é”, revelou. Na avaliação dele, “precisa ter uma dedicação. Aqueles que realmente se dedicam, sentam para estudar, conseguem de boa”, completou.
Situação parecida vive a brasileira Gabriela Larissa, natural de Minas Gerais e que atualmente é médica interna em uma cidade do interior do Paraguai, ou seja, está no último ano do curso da UCP. Ela acredita que mais de 90% dos estudantes da sua faculdade sejam brasileiros que residem em Ciudad del Este ou Presidente Franco. “Acredito que, de uma turma de 120 alunos no início, termina com 40 no máximo. Neste caso, a faculdade une as turmas para se formar”, disse.
Em alta
A realidade dos números de Ciudad del Este são um pouco divergentes em relação aos dados em nível nacional. Segundo o vice-ministro do Ensino Superior, Federico Mora, o índice de desistências no ensino superior do Paraguai contrasta fortemente com a média da América Latina, onde 5 em cada 10 estudantes concluem a sua formação.
Leia também
Em entrevista à imprensa, Mora se referiu à necessidade urgente de ajustamentos no sistema de apoio aos estudantes, uma vez que o custo médio do ensino superior equivale a um salário mínimo, o que representa um encargo econômico significativo para muitas famílias, reportou o Última Hora. Esta situação obriga os alunos a conciliar estudo e trabalho, o que resulta em esgotamento e dificuldades em aproveitar ao máximo o tempo letivo.
Mora deu um exemplo, se um familiar de um jovem adoece, ele deve ajudar e a primeira coisa que se sacrifica é a educação para trabalhar mais. O vice-ministro mencionou que o sistema de bolsas e benefícios deve ser revisto e afirmou que a taxa zero na procura da educação gratuita é simbólica. A pesquisa mostrou ainda que 70% dos estudantes de nível superior estão em instituições privadas, o que mostra a necessidade de ampliar a cobertura das universidades públicas, que hoje não passa de 30%.
Articulação
Dado o abandono nas universidades privadas porque os jovens não podem pagar em caso de imprevistos, Mora disse que estão em conversações para explorar novas formas de financiamento, como empréstimos adaptados aos estudantes, para evitar que abandonem os estudos.
“60% dos alunos estudam e trabalham. “Eles devem ter números de financiamento muito mais amplos para não ficarem exclusivamente conscientes de que, se algo acontecer, já sairão do sistema”, ressaltou. Mora anunciou que em dezembro vão lançar as primeiras medidas paliativas ligadas às bolsas, com o objetivo de introduzir alterações que respondam aos desafios identificados no inquérito.
com informações do Diário de Foz, parceiro do Busão Foz
Leave a Reply