O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, após uma luta contra o câncer de esôfago que se espalhou para o fígado. A confirmação da morte foi feita pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que ressaltou o amor de Mujica pelo povo e sua contribuição à política do país.
Trajetória e Luta
Nascido em Montevidéu em 1935, Mujica começou sua militância nos anos 1960 no Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, um grupo guerrilheiro de inspiração marxista. Durante a ditadura militar no Uruguai, entre 1973 e 1985, ele ficou preso por quase 15 anos, dos quais 12 foram em isolamento. Essa experiência moldou suas convicções políticas e seu compromisso com a justiça social.
Após a redemocratização, Mujica voltou à política, sendo eleito deputado em 1989 e depois senador. Em 2005, ele foi nomeado ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca no governo de Tabaré Vázquez. Sua trajetória culminou na presidência, cargo que ocupou de 2010 a 2015.
Políticas e Legado
Sob sua liderança, Mujica colocou em prática reformas significativas. Entre suas principais ações estão a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a descriminalização do aborto e a legalização do consumo de maconha, fazendo do Uruguai o primeiro país a criar um sistema estatal de regulação da cannabis. Essas iniciativas reforçaram o seu compromisso com os direitos humanos e a liberdade individual.
Mujica também impulsionou projetos em energia renovável e políticas habitacionais, como o “Plano Juntos”, destinado à construção de moradias para famílias de baixa renda. Sua gestão ficou marcada por uma postura ética e transparente, recebendo reconhecimento internacional.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PR) teve um reencontro com Mujica, seu amigo de longa data.
Estilo de Vida e Filosofia
Pepe Mujica era conhecido por seu estilo de vida simples e austero. Ele evitava o consumismo e pregava uma vida conectada à natureza e aos valores humanos. Durante sua presidência, residiu em uma pequena chácara em Montevidéu, onde cultivava flores e vegetais, além de doar cerca de 90% de seu salário para causas sociais e políticas. Esse comportamento consolidou sua imagem como o “presidente mais pobre do mundo”.
Últimos Momentos e Legado
Após deixar a presidência, Mujica continuou ativo na política, apoiando candidatos e causas que refletiam seus princípios. Em 2024, ele apoiou a candidatura de Yamandú Orsi, que venceu as eleições. Em janeiro de 2025, Mujica decidiu não se submeter mais a tratamentos médicos e afirmou: “O guerreiro tem direito ao descanso”.
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Mujica deixou um legado de coerência, humildade e compromisso com a justiça social, inspirando líderes e cidadãos em toda a América Latina e no mundo. Sua trajetória reafirma a importância de uma política ética e voltada para o bem comum.
Em fevereiro do ano passado, Pepe Mujica esteve no Brasil e visitou a Itaipu Binacional, onde participou da Jornada Latino-Americana e Caribenha de Integração dos Povos, entre 22 e 24 de fevereiro.
Na visita à usina, ele foi acompanhado pelo diretor-geral brasileiro, Enio Verri, que deixou uma mensagem em suas redes sociais.
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