Por Fausto Macedo – Estadão
Sebastião Misiara*
Repórter em Barretos, antes de sequer pensar na vida pública, entrevistei o então governador paulista Abreu Sodré. Na oportunidade, perguntei-lhe sobre ter a maioria nos legislativos estadual e federal. “Quem tem Herbert Levy na Câmara Federal e Castelo Branco na Assembleia Legislativa paulista não precisa de maioria”, respondeu seguro. E, de fato, a leal defesa que esses seus aliados faziam do governo estadual suplantava qualquer iniciativa política da oposição em detrimento do Executivo.
Na eleição de 2010 para o Senado Federal, quando Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), à época em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, perdendo longe para os concorrentes Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PCdB), um grupo de prefeitos reuniu-se em Fernandópolis, no interior de São Paulo. O anfitrião gritou em alto e bom som: “Se o Aloysio não for o mais votado, podemos desistir da vida pública”. E motivou a todos com sua conclamação. Aliado a outros fatores, Aloysio tornou-se o senador mais votado do Estado de São Paulo naquela disputa.
Em 1986, Orestes Quércia (PMDB) apresentava-se em terceiro lugar na disputa para o governo paulista. Em uma tarde/noite, no Clube Paineiras, na Capital, organizamos um vibrante encontro do candidato com as lideranças municipais do Estado, promovido pela Associação Paulista de Municípios (APM). Aliado às críticas ao Plano Cruzado, Quércia tornou-se governador de São Paulo.
Essas três histórias documentam a grande força dos prefeitos e dos vereadores, não só peloapoio, como também para fazer chegar à sociedade as realizações governamentais. Promover o desenvolvimento, realizar obras, ser ético e trabalhador, ouvir a sociedade são simples deveres, obrigações do político quando em cargo executivo. É uma resposta obrigatória e um compromisso assumido quando recebe o voto livre e soberano dos cidadãos, essência da democracia. Como, aliás, também deve ser normal reconhecer quando o administrador público cumpre o seu dever. É justo defender quem trabalha dos ataques mentirosos dos adversários, e isso se faz mostrando suas realizações.
O governador João Dória iniciou sua gestão com o símbolo do municipalismo e tem cumprido à risca o compromisso que assumiu de ajudar os municípios paulistas, detectando e atendendo às aspirações do povo e das lideranças comunitárias. Não vou aqui discorrer sobre suas obras e seus feitos. Os prefeitos e vereadores de todo o Estado sabem exatamente do que estamos falando. Como, igualmente, têm consciência de que a entrega é maior do que os compromissos que Doria assumiu durante campanha eleitoral.
Apenas para dar um exemplo do vazio nos ataques ao governador paulista, seria muito cômodo para quem pode vir a ser candidato abrir tudo e deixar a população ser contaminada, em nome da defesa da economia, que está nas mãos dos mais abastados. Não! Agindo contra ele próprio, perdendo votos da população, Doria tem insistido na proteção da vida, no distanciamento social, na máscara, no álcool-gel e, em especial, na vacinação em massa, da qual foi precursor, estimulando e dando recursos ao Instituto Butantan, este ícone nacional da ciência, para que produzisse o imunizante para todos os brasileiros.
Atender o município, liberar recursos, proteger a saúde, incentivar a proteção ao meio ambiente, desenvolver a economia e construir vicinais para encurtar caminhos do campo para a cidade. Enfim, respeitar o povo tem sido a principal preocupação do governador. Nos dias atuais, sob sua firme liderança na decisão de produzir vacinas contra a Covid-19, Dória tem provocado o ataque dos negacionistas, a rigor preocupados com o respeito que ele está conquistando em todo o País.
O que precisamos, agora, é dizer a verdade sobre quem administra o Estado de São Paulo, a maior economia brasileira, a terceira da América Latina, responsável por um terço do PIB e que colabora com 20% das exportações nacionais. É preciso dizer, em alto e bom som, quem fez o crescimento paulista chegar a 0,4% enquanto o País caiu 4%.
Precisamos, como Herbert Levy e Castelo Branco fizeram no passado, ser mais corajosos do que os destruidores de biografias. Não pela política. E sim pelas obras, pelo que recebemos. E, acima de tudo, pela verdade que está nos fatos e não nas versões deles.
João Dória poderá, se quiser, principalmente depois de oferecer – de modo responsável e ágil – a vacina da Covid-19, percorrer o território nacional recebendo os agradecimentos do povo brasileiro. Não fará. Porque entende ser um simples dever cívico o que tem realizado para salvar vidas, e muito além de nosso estado.
Entretanto, seria justo que os gestores públicos e os parlamentares paulistas, a exemplo do que os seus colegas de outros estados têm feito, fossem justos com quem está de fato trabalhando pelo progresso do Brasil.
*Sebastião Misiara, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Franca, com especialização em Direito Constitucional pela mesma instituição, é presidente da União dos Vereadores de São Paulo (UVESP)
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