Empresas devem estar atentas a mudanças nos hábitos de consumo causadas pela pandemia

Produtos de higiene e limpeza, junto com alimentos, foram para o topo da lista de prioridades dos consumidores (Foto: Gelson Bampi)

Ao alterar as rotinas pessoais e profissionais de boa parte da população, as medidas restritivas para contenção da pandemia do novo coronavírus resultaram também em mudanças significativas nos hábitos de consumo no Brasil e no mundo. As modificações nas prioridades do consumidor, bem como as consequências e oportunidades que esses novos hábitos podem trazer para empresas de diferentes setores, durante a após a pandemia, são objeto de um estudo lançado pelo Observatório Sistema Fiep.

Acesse o estudo na íntegra clicando aqui

Intitulado “Novo Coronavírus: mudanças no consumo e impactos nas atividades econômicas”, o documento reúne dados de estudos e pesquisas sobre o tema realizadas por organizações e institutos brasileiros e estrangeiros, entre março e maio deste ano. “As restrições e as mudanças de hábitos trazidas pela pandemia causaram impactos profundos na grande maioria das empresas, tanto reduzindo a procura por alguns produtos e serviços quanto ampliando a demanda por outros”, afirma o presidente do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro. “Entender essa nova realidade é fundamental para que as empresas possam redefinir suas estratégias, por isso nossa instituição segue trabalhando em uma série de conteúdos e orientações para apoiar o empresariado industrial neste momento crítico”, acrescenta.

O estudo do Observatório mostra que, seguindo tendência internacional, grande parte da população brasileira deixou de frequentar aglomerações e espaços públicos como shoppings, lojas de rua, bares, restaurantes e eventos sociais. Em contrapartida, passaram a se preocupar mais com higiene, realizar mais serviços domésticos e praticar atividades on-line. Com isso, alimentos e produtos para cuidados pessoais e de limpeza alcançaram o topo da lista de compra da maioria dos brasileiros, que passaram a priorizar itens essenciais.

Na direção oposta, o estudo aponta que, à medida que os países avançam na curva de contágio, há redução na possibilidade de compra de itens como roupas, calçados, joias, acessórios, viagens e entretenimento fora de casa. Comprovando a tese, apresenta dados de faturamento em cartões de crédito, por tipo de estabelecimento, após o início da pandemia. No Brasil, houve aumento em gastos em supermercados (+20%) e farmácias (+13%). Já os setores em queda foram estabelecimentos de turismo (-83%), lojas de roupa (-82%), estacionamentos (-82%), bares e restaurantes (-58%), lojas de departamento (-57%), lojas de material para construção (-50%) e postos de combustíveis (-36%).

Perspectivas de comportamento
Considerando os subsídios reunidos, o Observatório Sistema Fiep traça cinco grandes tendências de comportamento dos consumidores trazidas pela pandemia. A primeira é a preocupação com a prevenção, com as pessoas podendo desenvolver novos hábitos de higiene. Segundo o estudo, isso “representa uma oportunidade para que empresários fortaleçam ainda mais o marketing sobre tais temas e, assim, possam captar e ampliar suas demandas de longo prazo”.

Outra tendência é a busca pela necessidade imediata, com aumento de bens perecíveis, como alimentos, e redução da procura por bens duráveis e de consumo, como carros, roupas e calçados. A preparação para a vida restrita, gerando maior armazenamento da dispensa com alimentos, produtos de limpeza e itens de higiene, é o terceiro comportamento identificado. “No caso particular dos alimentos, é possível esperar uma expansão sustentável, já que pessoas passarão a consumir mais em casa do que normalmente fariam”, diz o documento.

A quarta tendência é a realização de atividades remotas, com aumento de compras on-line e diminuição de compras físicas. Isso poderá remodelar muitos negócios, impulsionando a comercialização direta e on-line. “Nesse sentido, é importante contar com uma cadeia de suprimentos e logística flexível e estar preparado para mudanças nos canais de comercialização”, ressalta o estudo. Por fim, a última tendência diz respeito ao retorno à normalidade, que deverá ser feito com cautela renovada sobre a saúde, principalmente com as pessoas ainda evitando aglomerações.

Source link