Empregados dos Correios Pedem Diálogo para Redução de Despesas

Os trabalhadores dos Correios estão pedindo a criação de um comitê de crise após o anúncio de cortes de direitos e um prejuízo recorde de R$ 2,6 bilhões no ano passado. A estatal divulgou os dados na última sexta-feira (9) e, para enfrentar a situação, pretende economizar R$ 1,5 bilhão em 2023.

Para atingir essa meta, medidas como a suspensão de férias em 2025, redução nas jornadas de trabalho combinada com cortes salariais e retorno obrigatório ao trabalho presencial foram anunciadas. Também haverá transferência temporária de carteiros e atendentes para centros de tratamento.

Objetivos das Medidas

Os Correios afirmaram que essas ações visam fortalecer a sustentabilidade financeira da empresa e assegurar a continuidade na prestação de serviços à população.

“Ainda que 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, declarou a empresa.

Além das medidas mencionadas, a empresa estendeu o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) até 18 de maio, revisou sua estrutura com cortes de 20% no orçamento e planejou novos formatos de planos de saúde, com economia prevista de 30% para a empresa e seus trabalhadores.

Outras iniciativas incluem a venda de imóveis ociosos, revisão de contratos e lanche de uma plataforma de e-commerce, além de captar R$ 3,8 bilhões do New Development Bank (NDB), banco dos Brics.

“Com a implementação das medidas e a captação de investimento do NDB, a previsão é reduzir 12% dos custos operacionais e aumentar o lucro operacional da empresa em cerca de R$ 3,1 bilhões ao ano”, compartilharam os Correios.

Diálogo com os Trabalhadores

A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findetec) pediu a abertura de um canal de diálogo permanente entre a gestão da empresa e os trabalhadores.

“Mudanças estruturais só têm efetividade quando debatidas com quem opera a empresa diariamente. A transparência nos dados evita retrocessos e permite a construção de soluções alinhadas à realidade da base”, afirmou a Fentec em um documento enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A entidade também solicitou uma audiência com o presidente para discutir as questões levantadas.

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) anunciou o lançamento de um Comitê em Defesa dos Correios, programado para a próxima quarta-feira (21), na Câmara dos Deputados. Essa iniciativa conta com o apoio da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios.

Questões Financeiras e Endividamento

Além da criação do Comitê, os trabalhadores buscam a suspensão de medidas que possam impactar a qualidade dos serviços ou os direitos dos empregados durante o processo de diálogo. Eles também pedem a devolução de aproximadamente R$ 3 bilhões em dividendos pagos ao governo entre 2011 e 2013.

Um relatório de 2017 da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que os Correios enfrentaram uma degradação na capacidade de pagamento, com aumento no endividamento e queda na rentabilidade desde 2013.

De acordo com a CGU, o patrimônio líquido da empresa caiu cerca de 92,63% no período, levando à necessidade de contratações de empréstimos emergenciais.

As entidades trabalhistas acreditam que a falta de recursos reduziu investimentos essenciais em tecnologia e infraestrutura, contribuindo para a espiral de endividamento. Elas defendem que a recomposição dos recursos permitirá a retomada de projetos estratégicos, sem prejuízo aos direitos dos empregados.

“A recomposição desses recursos no caixa da ECT permitirá a retomada de projetos estratégicos, como a modernização de centros de triagem e a implementação de soluções logísticas inteligentes”, diz o ofício enviado à Presidência.

A Agência Brasil tentou contato com os Correios para saber sobre canais de diálogo com os trabalhadores, mas até o momento não obteve resposta.