O número de mortes pela dengue aumentou para 57, no Paraná, oito delas só na última semana (e mais uma em Foz do Iguaçu).
Já preparada para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, a estrutura do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), mantido pela usina de Itaipu, também está sendo colocada a serviço da população para o monitoramento ativo da infecção do mosquito Aedes aegypti. O HMCC também prevê a contratação de uma equipe assistencial para ajudar o município nas ações de prevenção e combate à dengue.
O Paraná já soma 76 mil casos da doença e 57 óbitos, registrados no último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, nesta terça-feira, 24. Em Foz do Iguaçu, são cerca de 19 mil notificações e 3,7 mil casos confirmados. De acordo ainda com a Secretaria de Estado da Saúde, são oito novos casos de morte (um deles em Foz) e mais de 11 mil casos confirmados da doença em uma semana. O Paraná tem 162 municípios em situação de epidemia, dos quais 15 entraram no novo boletim.
A Itaipu mantém um Grupo de Trabalho de Saúde permanente no combate e prevenção à dengue e demais doenças na região da fronteira do Brasil com o Paraguai e Argentina. Em parceria com o município de Foz do Iguaçu, o Centro de Medicina Tropical, o Centro de Controle de Zoonoses e a União Dinâmica de Faculdades Cataratas, Itaipu tem liderado uma campanha de conscientização sobre a doença, dentro e fora da usina.
Com base nas inspeções feitas em moradias de Foz do Iguaçu pelo Centro de Controle de Zoonoses, circulam em Foz do Iguaçu dois sorotipos da dengue, o que agrava a situação. Além disso, é muito elevado o LIRAa – Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti, que mede a infestação pelo mosquito. Em março, o CCZ fez este levantamento, enviando larvas e mosquitos coletados para a análise o Centro de Medicina Tropical, que funciona anexo ao HMCC.
O Centro de Medicina Tropical está em fase de credenciamento com o Laboratório Central do Estado (Lacen) para poder auxiliar de forma oficial a 9ª Regional de Saúde, com possibilidade de atender ainda a 10ª e a 20ª regionais. O credenciamento vai permitir que o CMT faça exames de covid-19.
Covid-19 e dengue
Com uma nova ala exclusiva para casos do novo coronavírus – em Foz são cinco confirmados e 104 suspeitos -, o hospital também conta com estrutura para internamento de pacientes com dengue. Além disso, o HMCC mantém atendimento médico 24 horas e realização de exames laboratoriais para esses casos. A unidade funciona no Centro Clínico, na Avenida Parati, 737, na Vila A.
Na Itaipu está sendo montado um hotsite com informações com todos os cuidados que devem ser tomados em relação à dengue. A empresa também distribuiu cartilhas sobre o tema para empregados e escolas.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, que tem como uma das prioridades de sua gestão a agenda de saúde pública, diz que a binacional está fazendo todas as interlocuções possíveis com as instituições responsáveis para a implantação do Método Wolbachia o mais breve possível em Foz do Iguaçu. O projeto propõe uma abordagem inovadora para reduzir a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya, por meio da liberação do mosquito Aedes aegypti com a bactéria wolbachia.
A estratégia inovadora, do Ministério da Saúde, consiste em infectar o mosquito Aedes aegypti com essa bactéria chamada wolbachia, que reduz a capacidade de o mosquito transmitir dengue, zika e chikungunya. O método utilizado é natural, seguro e sem qualquer risco para as pessoas, os animais e o meio ambiente. O Ministério da Saúde já formalizou a implantação do projeto em Foz, mas a data ainda não foi acertada. A expectativa é que o projeto-piloto seja implantado dentro de seis meses.
“Não podemos nos descuidar. A dengue é uma doença perigosa, faremos a nossa parte, mas também pedimos que a população ajude. As medidas incluem a eliminação de todos os pontos que possam acumular água parada como vasos de plantas, calhas, lajes, ralos, entre outros; estas ações devem ser diárias tantos nos ambientes domiciliares como nos locais de trabalho e áreas públicas”, orienta Silva e Luna.
Dos 399 municípios paranaenses, 231 deles (57,9%) tiveram ocorrência de casos autóctones (contraídos no próprio município). De acordo com parâmetros da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), o município entra em epidemia quando registra a incidência de 300 casos por 100 mil habitantes. Quinta do Sol, Santa Isabel do Ivaí, Floraí, Barbosa Ferraz e Quatro Pontes são os que registram as maiores incidências do estado. Foz do Iguaçu, com incidência de 757,66 casos por 100 mil habitantes, está na 87° posição, enquanto a incidência média do Estado é de 402,65 por 100 mil habitantes.
Situação da dengue no Paraguai
Segundo o último boletim epidemiológico, emitido em 13 de março deste ano, o Paraguai apresenta circulação simultânea do DENV-1 e DENV-2, com predomínio do DENV-4. Desse total, 164.180 casos foram notificados e 20.254 casos confirmados. Cerca de 75,% dos casos de dengue se concentram na área metropolitana: Central e Assunção. No país vizinho, 47 mortes foram registradas.