Um estudo do Instituto Pacto Contra a Fome revelou que o custo da cesta básica ideal para uma alimentação saudável no Brasil alcançou R$ 432 por pessoa em abril deste ano. Este valor representa 21,4% da renda média per capita dos brasileiros, que é de R$ 2.020, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo IBGE no último dia 8.
O boletim de maio do Monitoramento da Inflação dos Alimentos, realizado pelo instituto, destaca que mais de 70% da população brasileira não consegue arcar com os custos dessa alimentação adequada e com outras despesas. Além disso, mais de 10% da população vive com uma renda abaixo do valor da cesta, totalizando cerca de 21,7 milhões de pessoas.
“Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias”, disse Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Pacto Contra a Fome.
Sem um monitoramento contínuo e políticas públicas baseadas em evidências, o enfrentamento da insegurança alimentar continua ineficaz.
Para determinar o custo da cesta ideal, o instituto usou a cesta do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN) da Universidade de São Paulo (USP), que inclui alimentos in natura e minimamente processados, conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira e a Comissão EAT-Lancet.
Impacto da Inflação Alimentar
De acordo com o boletim, o impacto da inflação alimentar é até 2,5 vezes maior para famílias de baixa renda do que para aquelas de alta renda.
A publicação também aponta a pressão dos preços no setor alimentício na inflação de abril. O grupo de Alimentação e Bebidas aumentou 0,82%, com destaque para o aumento significativo nos preços da batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%), que foram os principais responsáveis pelo impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No mesmo mês, o índice geral (IPCA) ficou em 0,43%, evidenciando o peso desproporcional da inflação de alimentos sobre o custo de vida das famílias, especialmente as de menor renda, concluiu o Pacto Contra a Fome.
Embora algumas commodities, como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%) tenham visto quedas, o instituto alerta que a pressão inflacionária persiste em itens essenciais e in natura, que são sensíveis a variações climáticas e sazonais.