Com morte de três professores, SINPREFI faz protesto a favor de aulas remotas em Foz

A data é simbólica porque marca um ano da confirmação do primeiro caso de COVID-19 em Foz

Dirigentes do Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (SINPREFI) farão um ato público nesta quinta-feira (18), das 11h às 13h, em frente à Secretaria Municipal da Educação (Av. JK, 3581) e no canteiro central da Avenida JK. A data é simbólica porque marca um ano da confirmação do primeiro caso de COVID-19 em Foz.

O objetivo do protesto é pedir que a prefeitura de Foz do Iguaçu mantenha as aulas no sistema remoto neste momento de pandemia. O ato leva em consideração o anúncio da possibilidade de retomada das aulas de forma presencial a partir de 29 de março, conforme anunciado pelo prefeito Chico Brasileiro e pela secretária de educação do município, Maria Justina da Silva, em transmissão ao vivo pela página oficial da Prefeitura de Foz no Facebook, no último dia 11.

O anúncio foi feito um dia depois de o município ter registrado o maior número de mortes por COVID-19 até então: 12 pessoas em 24 horas. Na segunda, (15), houve nova marca trágica: 16 mortes. O mês de março nem terminou e já apresenta o pior índice até agora: média de seis mortes por dia, num total de 109 mortes (de acordo com os boletins).

Desde o primeiro caso em Foz, já chega a 514 o número de mortes. Entre as vítimas fatais do novo coronavírus estão três professoras que atuavam na rede pública municipal de Foz. Professora Vanessa Rodrigues Vieira trabalhava na Escola Municipal Vinícius de Moraes e foi transferida para um hospital na cidade de Campo Largo onde faleceu no início de março.

A segunda morte, registrada em 10 de março, foi da professora Silvana Aparecida Santana, de 49 anos, que atuava na Escola Municipal Carlos Gomes, no Campos do Iguaçu. Ela estava internada no Hospital Ministro Costa Cavalcanti.

A perda mais recente, registrada em 13 de março, foi da professora Luciane Cristine da Silva, de 47 anos, que trabalhava no CMEI Jardim Lindoia, na região do Jardim São Paulo. Ela estava internada no Hospital Madre de Dio, em São Miguel do Iguaçu.

Como será o protesto?

O protesto reunirá apenas alguns dirigentes do sindicato que representa em torno de 2 mil profissionais de educação, justamente para evitar aglomerações. Com cartazes, eles pretendem sensibilizar a administração pública municipal sobre o caos estabelecido no sistema de saúde do município, tanto na rede pública quanto privada, e pedir que seja evitada a circulação dos 27 mil estudantes da rede municipal, além de toda a comunidade escolar envolvida: profissionais da educação e famílias.

O próprio diretor técnico do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, Fábio Marques, admitiu durante a transmissão ao vivo realizada pela prefeitura de Foz, que o novo pico da pandemia pode ter relação direta com o retorno às aulas na rede privada em Foz do Iguaçu, ocorrido no início de fevereiro: “O aumento da curva começou a ocorrer a partir do dia 11 de fevereiro, naquela quinta-feira próxima ao Carnaval,” pontuou.

Porém ressaltou que “não dá para atribuir ao Carnaval, porque quando a gente começa a ter um aumento nesta curva, ela reflete, na verdade, uma situação que ocorreu em torno de 10 a 14 dias antes disso”. Ele justificou ainda: “O que a gente estuda, do ponto de vista epidemiológico, é que talvez um dos maiores fatores para que tivesse ocorrido esse aumento da transmissão foi justamente o retorno das aulas”.

A movimentação gerada pelo retorno das aulas presenciais na rede privada envolveu em torno de 20 mil alunos, além de educadores e comunidade escolar.

Os professores continuam trabalhando

“Os profissionais não deixaram de trabalhar nenhum instante, o que estamos fazendo é um pedido de socorro!”, defende a presidente do SINPREFI, Marli Maraschin de Queiroz. Segundo ela, manter o sistema remoto exige muito sacrifício e abnegação, porque os professores estão elaborando conteúdo escrito e em vídeo, corrigindo atividades, participando de inúmeros grupos de WhatsApp com pais e colegas das escolas e CMEI´s, além de usarem equipamentos próprios.

“Muitas vezes, nós disponibilizamos a copiadora do sindicato para que eles possam produzir conteúdo para os alunos. Isso é a prova de que não queremos que as aulas parem, pelo contrário, estamos dispostos a fazer sacrifício para que as aulas sigam de forma segura para todos,” concluiu. O SINPREFI defende que as aulas presenciais voltem apenas quando toda a população de Foz do Iguaçu tiver tido possibilidade de acesso à vacina e a pandemia estiver controlada.