
Créditos: Orlando Kissner/Alep
Desafios do Transporte Universitário no Litoral do Paraná em Debate
Na noite de quarta-feira (14), a Assembleia Legislativa do Paraná promoveu uma audiência pública no Plenarinho para discutir a precariedade do transporte de universitários no litoral do estado. O evento contou com a participação de professores, alunos e gestores municipais das cidades de Paranaguá, Morretes, Matinhos, Pontal do Paraná, Antonina, Guaratuba e Guaraqueçaba.
Principais Desafios
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes, destacam-se as longas viagens de ônibus intermunicipais, que podem durar até quatro horas. Problemas como a falta de orçamento para custeio do transporte universitário e a instabilidade na disponibilização de veículos gratuitos pelas prefeituras também foram levantados durante a reunião.
A deputada estadual Ana Júlia (PT), que propôs a audiência, apontou que a falta de responsabilidade pelo transporte universitário é uma questão crítica. “O ensino superior não é considerado parte do currículo básico, resultando em uma ausência de supervisão por parte dos governos federal, estadual e municipal”, relatou a parlamentar.
Propostas para a Solução
Dentre as sugestões apresentadas no encontro, a criação de um consórcio intermunicipal para a gestão do transporte universitário foi destacada. André Vinicius Martinez Gonçalves, pró-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sugeriu esta medida como uma forma de evitar interrupções no serviço devido a mudanças de gestão ou contratos.
Evasão Escolar
A falta de transporte adequado é um fator crucial para a evasão dos alunos, segundo Vanessa Marion Andreoli, diretora do Setor Litoral da UFPR. Ela ressaltou que muitos alunos, devido ao baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, não têm condições financeiras para utilizar alternativas de transporte, como vans. “Estamos perdendo esses estudantes para a educação a distância”, alertou.
Atualmente, as cidades adotam diferentes estratégias para assegurar o transporte dos alunos, que incluem tarifas gratuitas em Paranaguá, isenção de passagem em Pontal do Paraná e ônibus dedicados para universitários em Matinhos e Antonina. No entanto, as constantes mudanças de gestão, além da demora em licitações, agravam o problema.
Luis Fernando Roveda, vice-diretor do Campus da Universidade do Estado do Paraná (Unespar) em Paranaguá, destacou: “Sempre há uma cidade sem ônibus e alunos sem possibilidade de chegar à universidade”.
A Situação em Guaratuba e Matinhos
Em Guaratuba, o único ônibus disponível para transportes de universitários foi realocado para atender alunos do ensino básico após a interrupção da licitação, conforme relatou Paulina Jagher Muniz, diretora geral da secretaria de Educação do município. “Estamos tentando resolver a situação, mas o processo licitatório é demorado”, completou.
Célia Amaral, secretária de Educação de Matinhos, informou que a atual gestão optou por contratar uma empresa terceirizada para atender os universitários. “Precisamos que todos os municípios adotem estratégias semelhantes para atender essa demanda”, enfatizou.
Depoimentos de Estudantes
Os desafios enfrentados pelos alunos também foram narrados durante a audiência. Luis Victor Morais, recém-graduado em administração pela Unespar, descreveu sua experiência de deslocamento de Guaratuba para o Campus Paranaguá, que requer 50 quilômetros de viagem. “Minhas aulas terminavam às 22h30, e eu chegava em casa por volta da 1h30”, relatou, criticando a falta de opções de transporte adequadas.
Karyn Christyny Ferreira Alves Gomes, graduanda em Ciências Sociais, observou que o número de alunos em sua turma caiu de 40 para 10 em um ano. “A principal causa é a dificuldade em estudar sem um transporte adequado”, desabafou. Além disso, ela mencionou as complicações que enfrenta para chegar às aulas noturnas, dependendo de caronas e aplicativos devido à falta de transporte público no horário desejado.
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