As ferramentas digitais, essenciais na rotina dos mais velhos, e a percepção do ambiente online em várias frentes, como videochamadas, pesquisa de preços e promoções, além da utilização de serviços bancários, ficaram mais fáceis e seguros para as duas turmas 60+ que participaram do “Workshop da Alep Curso de Inclusão Digital – Celepar”, realizado nesta semana na Assembleia Legislativa do Paraná. A maioria revelou que procurou o curso por ter dificuldades para usar a tecnologia, pouco conhecimento sobre as redes sociais e não se sentir seguro no ambiente virtual.
Aposentado, o médico Geraldo Fonseca Amaral, que foi também professor estadual, veio em busca de novos conhecimentos, o que vai lhe propiciar mais autonomia no dia a dia: “Focava no atendimento aos pacientes e não tirava tempo para aprender sobre essa nova tecnologia”, recordou. No início da carreira profissional, ele tinha a responsabilidade de escrever os laudos e outros documentos. “Mas, era na máquina de escrever. Datilografava. Depois, sempre havia alguém que fazia essas tarefas no computador”, contou. Agora, com os cabelos grisalhos e enfrentando uma deficiência visual severa, sentiu que precisa aprender a usar com segurança o smartphone e a navegar pela internet.
Foram as facilidades oferecidas pela rede mundial de computadores que atraíram para o curso a servidora pública aposentada Maria de Fátima Costa e a cabelereira Dolores Zilma Fraga. Bem animadas com a aula e bastante interessadas, aproveitaram o intervalo do workshop para trocar impressões sobre as informações passadas pelos instrutores. “Algumas coisas já sabíamos. Mas, eu descobri várias outras facilidades. Como essa (ferramenta) que foi agora mostrada e permite usar uma imagem, uma foto, para descobrir as características da planta”, contou Maria de Fátima. O tema desperta grande interesse nela, que tem uma coleção de vasos enfeitando sua residência. Com a captura da câmera do celular ou da galeria, o recurso identificador consegue encontrar correspondências no Google e mostrar o nome de flores e até árvores. Dessa forma, é possível descobrir até a espécie de uma planta ao andar pela rua ou saber como cuidar delas, entre outras situações.
“Dá para saber se é uma planta medicinal ou não. Isso é importante”, observou Dolores. Para a cabelereira, que ainda trabalha e tirou um tempinho para participar do workshop, um dos seus grandes interesses são as compras online. “Mas, temos que ter cuidado”, alertou. O que despertou especial atenção dela foi a parte sobre a funcionalidade e os recursos do Código de Barras e do QR Code. “Sempre aparece na TV (o QR Code). Porém, ainda não sinto segurança para escanear, para fazer a compra. Fico preocupada”, revelou. O Código de Barras é tradicionalmente utilizado em lojas e supermercados, onde os produtos dispostos em gôndolas têm uma codificação linear com representação gráfica numérica. Já o QR Code é uma simbologia bidimensional que, quando convertido em texto, permite a inserção de um endereço de internet (URL). Algumas empresas já utilizam o QR Code para efetuar pagamentos e facilitar a vida do cliente.
Navegando pelo mundo online
O “Workshop da Alep Curso de Inclusão Digital – Celepar” é uma iniciativa da Assembleia Legislativa, através do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado, em parceria com a Celepar e o Governo do Estado, e nesta quinta edição contou com duas turmas, somando mais de 100 participantes. O primeiro grupo participou da aula ministrada na tarde da última quinta-feira (22). Nesta sexta-feira (23), na abertura do curso, que sempre é gratuito, o Pastor Edson Praczyk, assessor da Celepar e um dos instrutores do workshop, reiterou a importância do conhecimento, sublinhando que a cautela adotada na vida real deve ser a mesma no mundo online. Na aula, com duração de cerca de 3 horas, o time de especialistas da Celepar orientou sobre a realização de pesquisas, deu dicas de segurança e detalhou as facilidades disponíveis através de ferramentas que oferecem serviços públicos. Foi ainda ensinado o passo-a-passo para acessar aplicativos, entre eles o “Agora é Lei no Paraná”, e plataformas como o da Farmácia do Paraná, o Menor Preço (para pesquisar o menor valor de um produto em estabelecimentos de sua região), o app 190 (para acionar a Polícia Militar) e o Paraná Inteligência Artificial (PIÁ).
A advogada Rose Traiano, presidente do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado da Assembleia, idealizadora dessa parceria, deu as boas-vindas aos participantes do workshop, destacando a importância da internet no cotidiano, especialmente para assegurar a autonomia da população 60+. Ela voltou a chamar a atenção para o fato de que o público idoso, foco do curso, é o mais visado por aqueles que aplicam golpes através da rede mundial de computadores. “Nosso propósito é que vocês saiam daqui mais conectados e seguros na hora de usar a internet. É oferecer conhecimento e contribuir com a inclusão digital”, frisou. A presidente do Conselho enalteceu ainda a contribuição afetiva da internet, que ajuda a combater a solidão, e aproxima amigos e familiares, especialmente, aqueles que moram em outras cidades. Luciana Becker, Coordenadora de Sustentabilidade Social (COSUS) da Celepar, agradeceu a presença de todos, e – igualmente – enfatizou os cuidados na elaboração do curso, que apresentou dicas fáceis e práticas.
Visita guiada pela Assembleia
Os participantes, que novamente lotaram o plenário da Assembleia, tiveram a oportunidade de assistir, na abertura do curso, as manifestações de boas-vindas enviadas pelo presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD); pelo primeiro-secretário, deputado Alexandre Curi (PSD); pela segunda-secretária, deputada Maria Victoria (PP); pelo deputado Cobra Repórter (PSD), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; e do diretor-presidente da Celepar, Gustavo Garbosa.
Logo após o encerramento das atividades, o grupo foi convidado para uma visita guiada pelos espaços da Assembleia Legislativa, realizada pelo Cerimonial da Casa. Eles conheceram obras de renomados artistas paranaenses, como os painéis do muralista e desenhista Poty Lazzarotto, expostas no complexo de edifícios; e saber mais sobre a história do Parlamento estadual, que está completando 170 anos.