Apesar das políticas raciais do Nazismo em relação aos judeus e ciganos terem sido bem documentadas, os pesquisadores deram pouca atenção às ações contra os negros. Esta minoria, embora não eliminada sistematicamente como outros grupos, enfrentou intensa discriminação – que variou do isolamento ao assassinato. Até hoje, são escassos os registros sobre a perseguição aos afroalemães.
Este é o tema da exposição itinerante “Nossa Luta: a perseguição aos negros durante o Holocausto”, composta por 23 painéis, 5 vitrines e 5 totens com conteúdos audiovisuais. A mostra retorna a Curitiba após passar pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
De 17 a 28 de junho, ela permanece no Espaço Cultural da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. A iniciativa é promovida pelo Museu do Holocausto em parceria com o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Consepir) e a Assembleia, por proposição do deputado Anibelli Neto (MDB). A abertura está marcada para 17 de junho, às 9 horas, e contará com a presença de autoridades municipais e estaduais, além de lideranças comunitárias.
A proposta da exposição é levar novas narrativas aos educadores, apresentando o contexto e a crescente privação dos negros desde o período colonial alemão (incluindo o genocídio de hereros e namaquas, na atual Namíbia), passando pela República de Weimar, até o Nazismo consolidado. Destaque também para curtas biografias de afrogermânicos que sobreviveram à perseguição nazista.
Desde 2023, a iniciativa também reúne trajetórias de vítimas desta forma de discriminação no Brasil. “Essa é uma possibilidade de demonstrar a unidade de dois povos, o negro e o judeu, que foram perseguidos e massacrados. É importante que os grupos sociais se unam, juntem forças para que isso nunca mais aconteça”, reforçou Aloisio Nascimento, presidente do Consepir, Aloisio Nascimento.
O conteúdo foi criado em 2017 e lançado na internet como um material educativo, o que deu origem à mostra. Desenvolvido em parceria com a Clínica de Direitos Humanos da PUCPR e com o Centro Cultural Humaita, entidade pautada no estudo e pesquisa da arte e cultura afro-brasileira, o projeto dá voz a uma comunidade marginalizada e, principalmente, usa a História para aproximar os leitores de uma discussão contemporânea e bem brasileira, sobre o ódio e racismo.
Segundo o coordenador-geral do Museu, Carlos Reiss, o pioneirismo deste trabalho está justamente na conexão feita entre a perseguição nazista, os Direitos Humanos e a Consciência Negra. “Ele torna o legado do Holocausto mais próximo de todos, trazendo valores e lições que estimulam a sociedade a conhecer melhor seu passado para refletir sobre o presente e construir um futuro mais justo. O Holocausto é uma ferramenta educativa poderosa para trabalhar temas atuais e relevantes, dentre eles o racismo e a noção de consciência negra”, afirma Reiss.
O Museu
Com uma vocação educativa e linha pedagógica bem definida, o Museu do Holocausto de Curitiba narra os acontecimentos deste genocídio por meio de histórias de vítimas que têm ligação com o Brasil. Trata-se de um instrumento contra a desumanização nazista. O espaço também destaca a luta contra a intolerância, o ódio, a discriminação, o racismo e o bullying, tão relevantes nos dias de hoje.
Atualmente, é o único espaço do país que conseguiu unir os eixos de educação, memória e pesquisa com uma proposta museológica permanente para o trabalho sobre a Shoá. Regularmente, promove seminários e debates, assim como desenvolve materiais pedagógicos que buscam promover uma discussão abrangente sobre o preconceito e a violência ao longo dos séculos XX e XXI.
Exposições Itinerantes
O Museu vai muito além da exposição permanente. Hoje, o acervo conta com oito mostras temporárias e itinerantes, todas com o objetivo de engajar novos públicos, de maneira interativa e atraente, em temas relativos à Shoá e Direitos Humanos. As exposições estão disponíveis para empréstimo por tempo determinado para outros museus, instituições e escolas. Os gastos para deslocamento são compartilhados e variam de acordo com a mostra e o local. Para verificar estas possibilidades, é necessário entrar em contato pelo e-mail [email protected].
Serviço
Exposição – Nossa Luta – A perseguição aos negros durante o Holocausto
De 17 a 28 de junho, no Espaço Cultural da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná
Praça Nossa Senhora de Salete, s/n – Centro Cívico
Entrada gratuita
Abertura: 17 de junho, às 9 horas
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