“Quero dar voz as crianças e adolescentes superdotados, que são aqueles com grande criatividade, excelente memória e vocabulário, e com desempenho acima do esperado para sua idade”, afirmou a neuropsicóloga e professora universitária Karina Paludo, no início da tarde desta segunda-feira (12), na abertura da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná, ao falar sobre os desafios de identificar e oferecer atendimento especializado aos alunos com altas habilidades, conhecidos popularmente como “superdotados” ou “gênios”. O pronunciamento da especialista aconteceu por iniciativa do deputado Evandro Araújo (PSD), que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Pessoa com Deficiência.
Segundo Karina Paludo, doutora e mestre em Educação, as crianças e adolescentes superdotados podem apresentar grande desenvolvimento numa determinada área e, ao mesmo tempo, demonstrarem dificuldades em outros setores. “Por isso, o superdotado precisa de um atendimento especializado”, alertou. Durante seu pronunciamento, a especialista detalhou, brevemente, a experiência no atendimento a essas crianças, focando nas dificuldades enfrentadas nas escolas, especialmente, por uma menina com altas habilidades, que chamou de “Estrela”. De acordo com a neuropsicóloga, que é membro do Conselho Brasileiro para Superdotação e da Associação Brasileira de Criatividade e Inovação, uma das medidas que pode mudar essa difícil realidade a qual são submetidos os estudantes superdotados é a adoção de uma proposta direcionada ao enriquecimento extracurricular. Mas, ela também defendeu a necessidade essencial da formação especializada de professores, a oferta de suporte psicológico e a criação de um programa específico de acolhimento dos pais. “Podemos criar um futuro feliz para nossos talentos”, comentou.
“É um assunto que afeta o dia a dia de todos os paranaenses, de forma direta ou indireta”, declarou Evandro Araújo, ao lembrar que no último sábado (10) foi celebrado o primeiro Dia Estadual das Altas Habilidades ou Superdotação, previsto na Lei Estadual nº 21.743/2023, de sua autoria. “Muitas vezes essas pessoas são invisíveis e o desafio é valorizar e identificar esses jovens, essas crianças”, observou. A Lei é a primeira do Brasil dedicada ao desenvolvimento de estudantes com altas habilidades e superdotação implementada em um estado da federação: “Nossa Lei foca no desenvolvimento de campanhas, na capacitação dos educadores e servidores em geral, na identificação destes estudantes e no atendimento adequado”. Entre as medidas previstas na legislação estão a capacitação de profissionais da rede de ensino pública para identificar e atender alunos superdotados desde a educação infantil até o ensino médio, além de promover o encaminhamento para atendimento dos educandos em ambiente apropriado para o desenvolvimento de suas múltiplas potencialidades. Essa Lei prevê ainda o oferecimento de atividades extraclasse, nas quais serão intensificadas as oportunidades de interação entre todos os educandos da escola; e o incentivo para que as escolas inscrevam seus alunos em Olimpíadas do Conhecimento oferecidas pelas diferentes Sociedades Científicas. O deputado Evandro Araújo reforçou o posicionamento da especialista ao dizer ser fundamental que as iniciativas incluam ações conjuntas envolvendo a escola e a família, a fim de promover o pleno desenvolvimento do aluno superdotado, na perspectiva de uma educação inclusiva.
Identificação na infância
A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que cerca de 5% da população mundial apresenta características superdotadas, e muitas vezes, os sinais começam a ser notados nos primeiros anos da infância. As principais características apresentadas por estas crianças são: rapidez na aprendizagem; facilidade para abstração, associações, análise e síntese, generalizações; leitura e vocabulário avançado; flexibilidade de pensamento; capacidade de julgamento; e aborrecimento com a rotina, entre outras. Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam que no ano passado existiam 38.019 estudantes com altas habilidades ou superdotação no país. O número faz parte do Censo Escolar 2023 que apontou ainda que, das 1.771.430 matrículas na educação especial computadas, a maior concentração estava no ensino fundamental, com 62,90% (1.114.230) das matrículas. Em seguida aparecia a educação infantil, com 16% (284.847), e o ensino médio, que contabilizou 12,6% (223.258) dos estudantes.
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