A deputada estadual Márcia Huçulak (PSD) pediu nesta terça-feira (15) uma nova campanha pela vacinação e contra o negacionismo que vem derrubando os índices de imunização em todo o país, o que aumenta o risco de crescimento ou ressurgimento de doenças já controladas.
A sugestão foi feita durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná para apresentação do secretário estadual de Saúde, César Neves, sobre uso de recursos e andamento de programas da área, o chamado Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA).
De acordo a apresentação, a cobertura vacinal adequada de crianças com até 12 meses para oito vacinas atingiu apenas 17,8% dos municípios – a meta para o segundo quadrimestre do ano era 45%.
“O negacionismo da vacina tem de parar; precisamos insistir nisso”, disse Márcia. “Não podemos deixar a ignorância prevalecer. Estamos retrocedendo. É necessária uma campanha de esclarecimento.”
A deputada lembrou que a baixa cobertura vacinal está gerando, por exemplo, morte por coqueluche – “uma doença completamente evitável”.
“Voltou sarampo, temos risco com a paralisia infantil, para não falar da covid, cujos óbitos atualmente são 60% de gente que resiste a tomar vacina”, afirmou. “Estamos voltando para idade das trevas em pleno século 21. Voltam doenças para as quais temos meios eficazes de controle.”
Prevenível principalmente pela imunização, a coqueluche registra um aumento preocupante de casos no Brasil, principalmente em crianças (público vulnerável). O aumento da cobertura vacinal é fundamental para manter o país livre do sarampo. O país também vem registrando queda da cobertura contra poliomielite, uma doença que deve ser prevenida nos primeiros anos de vida e pode levar à morte e a graves sequelas físicas. Desde 2016, a cobertura fica abaixo dos 95% (nível considerado seguro contra a doença; este ano está em 85%.
Negacionismo
De acordo com a deputada, o retrocesso se deve a questão ideológica, “que mata pessoas”, movida por negacionistas da ciência e movimentos antivax.
O Governo do Estado criou em julho passado uma força-tarefa para auxiliar os municípios a aumentar a cobertura vacinal dos imunizantes que fazem parte do Calendário Nacional. O foco foi principalmente crianças e adolescentes.
O secretário Neves relatou durante a audiência, no entanto, que muitas cidades se recusaram a implementar a ação, que levou os imunizantes diretamente para locais como escolas. Onde foi feita, disse Neves, os resultados foram muito bons, com mais de 200 mil imunizantes aplicados.
A ação focou em vacinas que estão com baixa adesão: influenza, pentavalente, DTPC, pneumocócica 10 e poliomielite.
Dengue
Márcia Huçulak também demonstrou preocupação com a dengue, pela proximidade da chegada do verão (período mais crítico de transmissão) e após o estado registrar uma epidemia de casos este ano.
Também causa preocupação, disse a deputada, a troca de comando em muitas cidades, com novos prefeitos escolhidos nas eleições de outubro. Não é incomum muitas ações serem prejudicadas durante as trocas de comando, pela descontinuidade de gestão decorrente do período de adaptação dos novos administradores municipais.
A meta da Sesa era já ter 50% dos municípios do Estado com planos de contingência para arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos ou outros bichos, como é o caso da dengue) já aprovados pelos respectivos conselhos municipais de Saúde. A aprovação, no entanto, ainda não ocorreu.
“A questão da dengue é absolutamente preocupante”, disse o secretário. Segundo ele, as vacinas contra a doença terão volume e efeito mais consistente somente a partir da “temporada da dengue” do ano que vem. O imunizante começou a ser aplicado no sistema público a partir de 2023.
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