O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou, nesta terça-feira (13), o acordo para redução de tarifas comerciais entre China e Estados Unidos, fruto de negociações realizadas há dois dias na Suíça.
Em entrevista à imprensa em Pequim, Lula comentou: “O acordo entre EUA e China, em Genebra, é uma demonstração, pura e simplesmente, de que tudo seria mais fácil se antes de anunciar de forma unilateral as taxações, os EUA tivessem conversado com a China. Seria muito mais fácil, muito mais simples e muito menos penoso para o mundo. É uma demonstração de que tarda, mas não falha. A sabedoria leva a gente sempre à mesa de negociação.” Além disso, Lula defendeu que a Organização Mundial do Comércio (OMC) retome seu papel principal na discussão sobre tarifas.
As tarifas sobre produtos comerciais foram reduzidas significativamente. Nos Estados Unidos, a taxa sobre produtos chineses caiu de 145% para 30%. Do lado da China, as tarifas sobre produtos americanos diminuíram de 125% para 10%. Essas negociações entre as duas maiores economias do mundo trouxeram alívio imediato para a economia mundial.
Sobre a Governança Global
Lula reafirmou a necessidade de revitalizar a governança global, ressaltando que ações unilaterais não são mais adequadas, especialmente quando se trata do aquecimento global. “Se não tiver a ONU [Organização das Nações Unidas] com força, a questão climática vai ser tratada de forma secundária. Não adianta tomar decisão na COPs [conferências do clima da ONU], se depois você não tem uma instância de governança mundial que obriga a execução. Isso vai cansando, porque você toma decisão e não acontece nada. Chega um dia e desanima”, disse Lula.
Sobre a visita à China, Lula destacou que ela fortaleceu a parceria com o presidente Xi Jinping e o compromisso com o multilateralismo. Ele adicionou: “A China merece ser olhada com mais carinho e sem preconceitos. A China é a novidade econômica e tecnológica do século XXI. Os Brics é outra novidade extraordinária desse século”, lembrando da Cúpula dos Brics que o Brasil sediará em julho no Rio de Janeiro. “Nós queremos tomar decisões importantes para ver se a gente muda o eixo da geopolítica mundial”, concluiu.
Regulamentação das Redes Sociais
No mesmo evento, Lula foi questionado sobre os impactos negativos das redes sociais, como o TikTok, na violência política. Ele mencionou ter discutido o tema com Xi Jinping. Lula expressou desconforto com o vazamento de informações sobre a conversa, que incluía um comentário de sua esposa, Janja.
“A pergunta foi minha. Eu não me senti nenhum pouco incomodado. O fato da minha mulher pedir a palavra é porque minha mulher não é cidadã de segunda classe. Ela entende mais de direito digital do que eu e resolveu falar”, afirmou Lula.
Ele também comentou que achou estranho o vazamento da conversa, que deveria ser confidencial. “Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve num jantar.” Lula revelou que Xi Jinping respondeu que o Brasil tem o direito de regulamentar as redes sociais. “Ainda bem que estava o Elmar, em nome da Câmara, e o Davi, que sabem que nós temos que regulamentar [as redes sociais]. Não é possível a gente continuar com as redes digitais cometendo os absurdos que cometem, e a gente não ter capacidade de fazer uma regulamentação”, afirmou.
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