Eduardo Bolsonaro e Fabio Wajngarten sinalizam que a medida, já apresentada pelo presidente, deve voltar em 2021
Mateus Vargas, Estadão.
Uma MP com o mesmo propósito foi editada em agosto de 2019 por Bolsonaro, mas não chegou a ser aprovada pelo Congresso e perdeu a validade – caducou, no jargão parlamentar – em dezembro do mesmo ano.
Na entrevista, Eduardo Bolsonaro também sinalizou que o governo deve reeditar a medida. Ele disse que um “passarinho amarelo” havia lhe dito que o texto seria novamente enviado ao Congresso.
Ao editar a MP, em 2019, Bolsonaro tratou o texto como uma vingança contra a imprensa. “(Fui eleito) sem televisão, sem tempo de partido, sem recursos, com quase toda a mídia o tempo todo esculachando a gente. (Chamavam-me de) Racista, fascista e seja lá o que for. No dia de ontem eu retribuí parte daquilo (com) que grande parte da mídia me atacou”, disse o presidente em discurso de 6 de agosto daquele ano, ao tratar da medida.
O presidente também disse, no dia 22 do mesmo mês, que o jornal Valor Econômico iria fechar por causa da medida. “O jornal Valor Econômico, que é da Globo, vai fechar. Não devia falar? Não devia falar, mas qual é o problema? Será que eu vou ser um presidente politicamente correto? Uai. É isso daí aqui no Brasil”.
Bandeira do governo
A MP permitia a empresas com ações em bolsa a publicação de seus balanços no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou no Diário Oficial gratuitamente. Uma lei sancionada pelo próprio presidente em abril do ano passado, porém, já previa que os balanços fossem publicados de forma resumida nos jornais de grande circulação do local em que esteja situada a sede da companhia a partir de 1.º de janeiro de 2022. Uma MP anteciparia a medida em um ano.
Ao defender a MP que trata das publicações de informações das empresas, Wajngarten disse que “hão há nenhuma razão para as empresas continuarem investindo em páginas e páginas de jornais, jamais menosprezando o meio. O jornal físico tem grande importância. Agora, não há razão para que empresas gastem do seu orçamento, muitas vezes apertados, para publicação de balanço. Onde uma mera URL poderia contemplar toda a obrigação legal dessa publicação, a custo zero. Essa MP caducou meramente por antagonizar uma bandeira do governo Bolsonaro.”
Wajngarten afirmou ainda que a MP sobre as transmissões de jogos de futebol deve ser reeditada. O texto alterou a Lei Pelé provisoriamente, ao determinar que o direito da exibição da partida pertencia exclusivamente ao mandante em vez de exigir que os dois times envolvidos tenham contrato com uma mesma emissora para a partida poder ser transmitida. O texto teve apoio dos principais clubes de futebol do País.
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