Curitiba: o novo Vale do Silício? – por Thiago Martins Diogo

Foto: Pedro Ribas

O Vale do Silício, na Califórnia (EUA), é uma das principais regiões de referência em tendência, tecnologia e inovação. Um ecossistema rico em informação, cultura e diversidade, que reúne algumas das principais startups de âmbito mundial. Um ambiente totalmente favorável para a disseminação de conhecimento e para a conexão e compartilhamento de ideias.

É importante lembrar que a inovação é realizada por meio de pessoas que tiram as suas ideias do papel e as transformam em soluções para o bem comum. Neste sentido, diversas regiões do mundo podem ser vistas como referência em virtude do seu capital intelectual e da geração de resultados de impacto que começaram pelo confronto de ideias entre grupos de pessoas.

Desta forma, ao analisarmos o ecossistema curitibano, percebemos que a capital paranaense vem se destacando como uma forte candidata ao posto de “Vale do Silício Brasileira”. Isso em função do pioneirismo, do incentivo local ao empreendedorismo e da cultura promovida desde sua colonização até os dias de hoje.

Para analisar o cenário atual é fundamental conhecer a história. Curitiba começou a ser povoada no século XVII e foi fundada como Vila da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Os processos de estruturação da “vila” eram claros e rigorosos e os grupos de moradores revelavam características empreendedoras. Essas características se fortaleceram após um período de extrema pobreza, quando Curitiba se tornou um ponto estratégico do caminho do Viamão a São Paulo e Minas Gerais, e foram surgindo armazéns, lojas e escritórios de negócios ligados ao transporte de gado.

Agrega-se a isso o crescimento urbano fortalecido pelos imigrantes europeus, em sua maioria alemães, poloneses, ucranianos e italianos, que hoje combinados com muitas outras culturas contribuem com a miscigenação da cidade e a atual diversidade cultural, fator extremamente relevante para a inovação.

Curitiba hoje conta com o Vale do Pinhão, mas pode ser considerada o próprio “Vale” por contar com empreendedores locais e startupeiros que se empenham em construir soluções inteligentes para problemas comuns. Pela característica histórica, pelo incentivo local promovido pelas políticas públicas e por um ecossistema rico em pesquisa, desenvolvimento e educação, conta também com seu primeiro unicórnio no ano de 2019.

O ecossistema rico em capital intelectual, o fomento à pesquisa e inovação e a criação de startups unidas a uma agenda cultural com eventos de relevância nacional e internacional provocam a reflexão e a atitude necessária para a resolução de problemas de forma criativa. Com isso, é possível promover o desenvolvimento local, o que dá à capital paranaense o destaque que ela merece e a comparação com o Vale do Silício.

*Thiago Martins Diogo é Mestrando em Governança e Sustentabilidade pelo ISAE Escola de Negócios e especialista em Gestão Estratégica da Inovação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)