Senado pode ter CPI para investigar queimadas e desmonte da fiscalização ambiental

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), coordenadora da Frente Ambientalista no Senado, protocolou nesta quarta-feira (23) o pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Ambiental. Com o apoio de 27 senadores, o mínimo necessário para a abertura de uma CPI, o pedido encontra-se na Mesa.

Em discurso no Plenário, Eliziane destacou que o objetivo da CPI será investigar o desmonte da governança ambiental no Poder Executivo, além das queimadas na Amazônia e no Pantanal. Para a senadora, o fato de presidente Jair Bolsonaro continuar praticando o que classificou como discurso “negacionista” sobre a crise, no país e no exterior, incentivou os senadores a apoiarem a abertura da CPI.

— Culpar índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal, como fez Bolsonaro no discurso para a ONU, é um acinte à inteligência nacional e internacional, uma agressão aos fatos, ao não falar de madeireiros, grileiros e especuladores impatrióticos — critica.

A senadora considera também que o Brasil não pode se entregar a uma lógica em que as políticas de preservação ambiental atrapalhariam o desenvolvimento. Lembrou que diversos setores do agronegócio atualmente defendem políticas preservacionistas, o que também foi lembrado pelos senadores Jayme Campos (DEM-MT), Otto Alencar (PSD-BA) e Kátia Abreu (PP-TO) em discursos no Plenário. Eliziane também reclamou que, além das quedas nos recursos orçamentários para a preservação ambiental, o atual governo estaria executando apenas 0,4% das rubricas do setor.

Também durante a sessão desta quarta-feira, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) manifestou apoio à criação da CPI da Crise Ambiental. Mas também cobrou do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a instalação da CPI das ONGs na Amazônia, também já protocolada e que, disse, “servirá para separar o joio do trigo e combater a ação de muitas ONGs que estão na Amazônia principalmente para roubar”.